SÃO PAULO-Após as eleições municipais, as discussões sobre a
ampliação dos setores que podem aderir ao Simples Nacional devem ser retomadas.
A afirmação é do presidente do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae) Nacional, Luiz Barreto. "Já tivemos avanços nos últimos anos, mas
sempre queremos mais. E em novembro vamos retomar nossa agenda e as discussões
na Frente Parlamentar Mista das Micro e Pequenas Empresas, paralisadas devido
às eleições", disse Barreto ontem, ao divulgar pesquisa inédita sobre o
desempenho de faturamento e ocupação nas micro e pequenas empresas (MPEs).
O presidente do Sebrae comentou que o foco será ampliar a opção
do regime simplificado de tributação para áreas ligadas a serviços, como
corretores de imóveis e seguros, empresas de saúde e jornalistas. "No
Simples Nacional, o pequeno empresário consegue pagar de 50% a 70% menos
imposto - dependendo do segmento do negócio. Esse ambiente legal melhorou muito
a vida dos empreendedores brasileiros", comemora.
Ele também elogiou os avanços em outra categoria de pequenos
negócios, os chamados Microempreendedores Individuais (MEI). "Cerca de
três milhões de pessoas deixaram a informalidade e se tornarem MEI [receita
bruta anual de até R$ 60 mil]. E esses é que têm a melhor expectativa para os
próximos meses. Segundo a pesquisa - feita pela Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas [Fipe] à pedido do Sebrae -, 78% dos MEI preveem faturamento maior
no quarto trimestre", aponta.
Barreto comenta ainda que um exemplo do bom ambiente de negócios
para essa categoria é que desde 2009 até julho deste ano 49 mil empreendedores
individuais saíram dessa faixa e se tornaram microempresa (receita bruta anual
igual ou inferior a R$ 360 mil) e que podem optar pelo Simples Nacional. Além
dessas categorias, existe a empresa de pequeno porte, cuja receita deve ser
maior do que R$ 360 mil e menor do que R$ 3,6 milhões. Somando todas essas
categorias existem 6,8 milhões de pequenos negócios no Brasil.
Expectativa
Para o presidente do Sebrae Nacional, um dos destaques do
levantamento inédito divulgado ontem pela entidade, em São Paulo, é que de um
modo geral sete em cada dez pequenas empresas - em um universo de 5.600
entrevistados - acreditam que irão ampliar o faturamento dos próximos meses.
Neste cenário, o setor mais otimista é o comércio, com 74% projetando aumento.
E por região, o nordeste apresenta a melhor previsão (80% dos entrevistados
aguardam alta do faturamento).
Outro destaque para Barreto foi de que, em setembro, o Índice de
Confiança das MPEs, ao alcançar 122 pontos, bateu o pico comparado aos outros
cinco meses de pesquisa. "E a curva é ascendente. Isto é, a confiança
tende a ter números maiores nos próximos meses do ano", entende.
No entanto, o estudo apontou que apenas 27% dos entrevistados
querem contratar nos próximos três meses. A explicação do Sebrae é que grande
parte desse número é de MEI, que funciona apenas com o dono do estabelecimento.
"Mas a curva também é ascendente neste caso. E os números do Caged
[Cadastro Geral de Empregados e Desempregados] de agosto mostraram que 90% das
vagas formais geradas no mês vieram dos pequenos negócios", ressaltou
Barreto, ao lembrar de levantamento anunciado pelo Ministério do Emprego e
Trabalho que informou a criação de 100.938 postos de trabalho naquele período.
Situação
O presidente do Sebrae afirmou que as pequenas empresas
apresentaram bons resultados mesmo com a desaceleração da atividade econômica.
Mais da metade dos entrevistados manteve ou aumentou seu faturamento de março a
agosto deste ano. Em agosto, a "estabilidade" nisto representava 46%
dos consultados, e de "aumento", 28%.
Com relação aos setores, serviços teve a melhor receita no
oitavo mês de 2012: 28% tiveram expansão, enquanto 50% mantiveram a receita e
22% registraram redução do montante. Por região, destaque para o sul, com
avanço de receita para 32% dos consultados, seguido por nordeste (31%).
Com relação ao emprego, essa última região, assim como o norte
apresentou o maior número de contratações: 8% e 9%, respectivamente. Contudo, o
número que apontaram a estabilidade nas gerações de vagas formais ficou na casa
de 80% em todas as regiões pesquisadas.
A pesquisa apresentada ontem pelo Sebrae vai ser, a partir de
agora, divulgada mensalmente. As entrevistas serão realizadas pela Fipe nas
cinco regiões, abrangendo os 26 estados e o Distrito Federal. A margem de erro
é de dois pontos percentuais no caso dos dados nacionais gerais, 2,5 pontos com
relação aos números setoriais (comércio, serviços, indústria e construção).
Fernanda Bompan
Fonte: DCI
Nenhum comentário:
Postar um comentário