Governo quer renovar desconto de imposto porque as vendas de
carros estão em queda e para garantir o melhor resultado do PIB no fim do ano
As quedas nas vendas de carros novos em setembro - de 31,4% em
relação a agosto - e de 10,2% na primeira quinzena de outubro ante igual
período do mês passado podem levar o governo a renovar mais uma vez a redução
do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A decisão do ministro da
Fazenda, Guido Mantega, só será tomada nos últimos dias do mês, mas a tendência
é de que o benefício, que acaba no dia 31, seja estendido até dezembro para dar
fôlego extra à atividade econômica na reta final de 2012.
Segundo apurou a Agência Estado, a prorrogação da redução do IPI
também pode servir de ponte para a entrada em vigor do novo regime automotivo
em 1.º de janeiro. O modelo prevê redução do imposto para carros mais
econômicos e fabricados com maior uso de peças nacionais.
Na avaliação de fontes do governo, não faria sentido o fim do
incentivo a apenas dois meses do início do regime automotivo, concluído há duas
semanas depois de duras negociações entre o governo e dirigentes do setor
automobilístico.
Uma fonte do governo ressalta que Mantega sempre deixa para o
último momento a decisão sobre a prorrogação depois de analisar dados de
estoque, vendas, preços ao consumidor e emprego. Já houve casos, este ano, em
que o ministro estava decidido a não fazer a prorrogação, mas voltou atrás no
último instante em função da necessidade de estimular a produção industrial e a
atividade econômica.
Fôlego. O ministro ainda não conversou com as montadoras, o que
deve ocorrer nos últimos dias do mês. Dentro do setor já há uma expectativa de
que haverá a extensão do benefício. Os empresários avaliam que o governo não
deixará o segmento perder fôlego e a queda nas vendas será um bom argumento a
ser levado às negociações.
A preocupação do ministro e das empresas é evitar declarações antecipadas
sobre o assunto para não prejudicar o esforço de vendas nos últimos dias de
validade do incentivo fiscal. Uma notícia sobre a prorrogação da queda do IPI
pode levar o consumidor a adiar a compra. Muitas concessionárias usam a data de
término do IPI reduzido como estratégia de marketing para atrair o consumidor.
A queda do IPI entrou em vigor no dia 22 de maio com validade
até 30 de agosto, mas foi renovada por mais dois meses para estimular as
vendas. A medida representou renúncia de arrecadação no período de R$ 800
milhões, segundo cálculos do governo. Como contrapartida, Mantega exigiu a
manutenção dos níveis de emprego e a redução de preços ao consumidor.
A queda do tributo tem sido adotada como política de curto prazo
para socorrer a economia em momentos de fraco crescimento por conta dos efeitos
de crises internacionais. Além de automóveis, estão com IPI reduzido produtos
da linha branca, móveis e luminárias, bens de capital e materiais de
construção.
No caso dos automóveis nacionais, o IPI foi zerado para modelos
1.0 e reduzido à metade para aqueles com motor até 2.0. Somado a um bônus
oferecido pelas montadoras, os preços dos automóveis novos caíram em média 5% a
10%.
Em agosto, quando supostamente o benefício seria suspenso, houve
corrida às lojas e as montadoras registraram venda recorde de 420 mil veículos.
RENATA VERÍSSIMO, ADRIANA FERNANDES/ BRASÍLIA -
O Estado de S.Paulo
Fonte: O Estado de São Paulo
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