Mesmo após ter sido beneficiada por uma série de incentivos nos
últimos meses de 2012, a indústria de materiais de construção vai insistir na
continuidade das desonerações
São Paulo - Mesmo após ter sido beneficiada por uma série de
incentivos nos últimos meses de 2012, a indústria de materiais de construção
vai insistir na continuidade das desonerações em 2013.
O objetivo é garantir que o crescimento das vendas neste ano não
repita o desempenho fraco do ano passado, quando registrou alta de apenas 1,4%.
"Vamos reforçar a necessidade de continuar o processo de desoneração,
incluindo agora os impostos estaduais", afirmou Walter Cover, presidente
da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).
As principais reivindicações serão apresentadas nesta
terça-feira, na cerimônia de abertura da Feicon Batimat, principal evento do
setor, que terá a presença do governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB).
O principal alvo da indústria é o Imposto Sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS), cuja alíquota tem um peso de 18% para boa parte
dos materiais de construção em São Paulo, segundo Cover. "Com certeza tem
margem para desoneração", defendeu.
Em relação ao ICMS, Cover pede também redução do número de
categorias de produtos dentro do processo de substituição tributária -
mecanismo de arrecadação em que a indústria recolhe o imposto devido pelo
restante da cadeia, como as varejistas, por exemplo.
Existem cerca de 100 categorias de materiais de construção para
cálculo do ICMS, o que dificulta muito o trabalho das empresas, segundo Cover,
que pede classificação em apenas cinco.
Além da questão tributária, a Abramat também reclama do nível de
desvalorização do dólar frente ao real. "O setor sofreu muito com o dólar
desvalorizado, o que facilitou as importações no ano passado, principalmente de
produtos vindos da China", disse Cover, acrescentando que a indústria de
materiais tem apresentado déficit na balança comercial há três anos seguidos.
"É preciso atenção (para não aumentar o déficit)", completou,
reclamando que o dólar cotado a R$ 2,00 tem desestimulado exportações.
A última frente de reivindicação da indústria de materiais de
construção se refere à política monetária, com apelo para manutenção dos juros
em níveis baixos.
"O governo precisa manter os juros em condições favoráveis
ao mercado", defendeu o presidente da Abramat, argumentando que, com a
ascensão de milhões de famílias para a classe média, é fundamental manter a
política de incentivo ao consumo. "É preciso manter o consumo forte dentro
dessas novas camadas da classe média", frisou.
Benefícios e perspectivas
No ano passado, o governo federal já estendeu por 12 meses o
prazo de validade do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) reduzido para
materiais e incluiu novos produtos na lista de beneficiados. Além disso, houve
desoneração na folha de pagamentos das empresas de materiais e elevação da
tarifa para importados.
Pelas contas do Ministério da Fazenda, essas medidas vão
representar corte de R$ 1,8 bilhão em impostos para a cadeia de materiais neste
ano. "O setor se beneficiou das medidas do governo e teria tido um
desempenho pior sem elas", admitiu Cover.
A Abramat estima que a venda de materiais de construção cresça
4,5% em 2013, mostrando forte aceleração ante a alta de 1,4% registrada em
2012. Segundo estimativas da associação, a alta será puxada pelas vendas da
indústria às varejistas, que devem crescer 7%. As vendas ao varejo são
responsáveis por 50% do faturamento da indústria.
Já as vendas para o segmento imobiliário (obras de prédios
comerciais e residenciais, responsáveis por 30% do faturamento da indústria)
devem avançar de 2,0% a 2,5% no ano, enquanto as vendas para o segmento de
infraestrutura (fatia de 20% do faturamento) devem avançar 2,0%.
A Abramat aposta na manutenção das boas condições de consumo de
materiais pelas famílias no varejo, devido à renda crescente da população e à
melhora das linhas de financiamento. "Os juros dos bancos privados para
compra de materiais estão menores que no ano passado. E os bancos públicos já
baixaram as taxas no ano passado", disse Cover.
O setor de infraestrutura também desperta otimismo por causa dos
pacotes de concessões de rodovias, portos e aeroportos, além das obras de
mobilidade voltadas para Copa do Mundo e Olimpíada.
A expectativa, porém, é de que as concessões deverão levar
alguns meses para sair do papel e aquecer a cadeia de materiais, o que só deve
ocorrer no segundo semestre. "Esse segmento deve crescer em média 2,0% no
ano, mas deve acelerar para até 10% nos últimos meses", estimou.
O setor imobiliário, por sua vez, exige cautela da indústria,
segundo Cover, já que o lançamento de novos projetos caiu em 2012 e deve afetar
a demanda de materiais durante a fase de construção, ao longo dos próximos
trimestres.
Circe Bonatelli, do Estadão conteúdo
Fonte: Exame.com
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