O Tempo / MG
PEDRO GROSSI
Embora tenha o maior
índice de empreendedorismo entre 20 países pesquisados, o Brasil ainda é
considerado pouco inovador. Segundo a última pesquisa Global
Entrepreneurship Monitor (GEM 2010), realizada anualmente em 20 países,
17,5% dos brasileiros entre 18 e 64 anos estão em estágio inicial de um
empreendimento próprio. É o maior percentual apurado em toda a pesquisa e
o mais alto já registrado pelo Brasil desde que o país começou a ser
pesquisado, em 2000. O ponto negativo do estudo é que de todo esse mar
de empreendedores (cerca de 21 milhões), apenas 16,8% consideram
oferecer produtos inovadores - índice até quatro vezes menor do que o
registrado nos países considerados mais inovadores, como Islândia e
Coreia do Sul.
"A inovação depende de um
hélice tripla bem articulada, entre governo, universidades e o setor
privado", afirma o professor da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) Rochel Montero Lago, autor do livro "As cartas de Tsuji", que
trata exatamente dos desafios de levar para o mercado tecnologias
desenvolvidas em universidades. O próprio autor é um personagem desta
história. O professor também é proprietário da Verti, empresa de
ecotecnologia que vende tecnologias ambientais para universidades e
empresas. "Desenvolvemos tecnologias em escalas industriais", explica.
Na avaliação do
professor, embora os números ainda mostrem uma baixa relação entre
inovação e empreendedorismo, a situação está se clareando. "Todos
aqueles entes - universidade, governo e setor privado - estão se
articulando em um interesse comum, que será muito importante para o
país".
Outro exemplo de
combinação entre empreendedorismo e inovação é o caso da professora do
departamento de Farmácia da UFMG, Alaíde Braga de Oliveira, que engrossa
a estatística brasileira, entre as mais altas do mundo (49,3%), de
mulheres a frente de empreendimentos. A pesquisadora e empreendedora
criou uma empresa de bioprodutos para a indústria farmacêutica.
"Utilizamos toda a biodiversidade natural que temos para criar produtos
naturais e inovadores", conta. Segundo ela, boa parte dos extratos
naturais usados como insumos da indústria farmacêutica são importados,
enquanto existe no Brasil qualificação profissional e matéria-prima para
atender a esse mercado. "O desafio é que para ser uma empresa é preciso
transitar por um outro meio. É preciso desburocratizar ao máximo a
entrada no mercado", diz.
Cursos
Evento gratuito dá boas dicas de mercado
Até o dia 20 de novembro
acontece em mais de 100 países, inclusive no Brasil, a Semana Global do
Empreendedorismo, maior evento mundial de empreendedorismo. Em todo o
país, serão mais de 3.000 atividades, entre oficinas, palestras e
workshops. Há eventos gratuitos, pagos, presenciais e também pela
internet. A expectativa dos organizadores é que ao menos 200 mil pessoas
no Estado participem dos eventos. No Brasil, a expectativa é atingir a
marca de 3 milhões de participantes.
A Semana Global de
Empreendedorismo foi trazida ao Brasil em 2008 pela Endevor, uma
organização sem fins lucrativos. Segundo o coordenador da Endevor em
Minas Gerais, Rodolfo Zhouri, apenas em Minas Gerais são mais de 500
atividades cadastradas. "Estamos crescendo a cada ano e atingindo os
objetivos propostos de promover modelos de empreendedorismo.
Gratuito. Durante o
feriado de 15 de novembro, serão diversas atividades gratuitas e que
poderão ser feitas pela internet. A programação completa pode ser
conferida pelo site semanaglobal.org.br. (PG)
Para presidente do Sebrae, crédito é o maior gargalo
Rio de Janeiro. O
presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae), Luiz Barreto, disse que o principal desafio para que o país
incremente seu número de empreendedores é o acesso mais fácil ao
crédito. Segundo o dirigente, até o final de 2012 a perspectiva é de que
sejam 2,5 milhões de negócios formalizados na figura do Empreendedor
Individual (EI).
Ainda de acordo com
Barreto, "houve uma melhoria legal. Estamos completando quatro anos do
Supersimples, que diminui a burocracia e os tributos para as pequenas
empresas. A atualização da lei (sancionada pela presidente Dilma
Rousseffna última quinta-feira) foi o coroamento disso. Mas o ambiente
legal ainda tem questões a serem melhoradas, como a criação de um
Simples trabalhista". (PG)
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